sábado, 8 de agosto de 2009

Brincadeira séria

Faz de conta: você acordou, ligou para o salão e marcou um horário. Na hora do almoço, foi lá e pediu: Corta bem curto. O cabeleireiro não acreditou no que ouvia. Afinal, seus quase cinquenta centímetros de cabelo sempre foram, na sua cabeça (literalmente), uma espécie de atestado da sua feminilidade. Mas agora eles teriam de ser curtos. Para que suas ideias ficassem longas. Ele colocou a mão um pouco abaixo do seu ombro: Mais ou menos aqui? Você segurou a mão dele, levou-a na altura da sua orelha, e disse: Tosa.

Depois você passou naquela loja onde tem uns vestidos moderninhos e coloridos. Você entrou e pediu aquele cor de laranja com borboletas, muito mais curto do que os que você costuma usar. Aproveitou e pediu a sapatilha da vitrine. Arrancou o seu terninho bege, sua camisa branca e seu escarpim marrom. Deixou tudo por lá mesmo, no provador. E quando a vendedora perguntou o que fazer com aquilo, você disse: Queima.

Quando você retornou ao trabalho, uma hora depois do horário de costume, com aquele vestidinho e com os cabelos daquele jeito, a roda em torno de você foi se formando. Uns, animadíssimos. Outros, nem tanto. Alguns reprovaram. Como as coisas já não andavam muito bem por ali, sua chefe lhe chamou no final do dia para conversar, e avisou que as coisas não poderiam continuar daquele jeito, ou ela teria que substituir você. E você disse: Substitui.

Saindo de lá deu vontade de jantar naquele bistrô aonde você acha que só deveria ir no dia do seu aniversário ou outra data importante. Você mal encostou seu carro e já veio o dono da rua, dizendo que eram dez pratas para parar ali. E, como você não deu bola, o homem começou aquela conversinha surrada dizendo, na entrelinha da entrelinha, que um eventual não-pagamento antecipado incorreria em riscos indesejáveis na pintura do seu bólido. Você pegou o celular, digitou três números, mostrou o visor para o homem e, já com o dedo na tecla “ligar”, disse: Risca.

Faz de conta que você chegou em casa e sua filha de dezessete anos estava na sala com o namorado. Você teve que contar de novo a história daquele vestido e daquele cabelo e, como chovia, sua filha sondou se o rapaz poderia dormir ali. E, enquanto jogava no lixo aquela agendinha que você só usava no trabalho, você disse: Pode.

Quando se deitou para dormir, aquele anjo que costuma vir conversar com você antes do sono se empoleirou na cabeceira da sua cama. Elogiou o cabelo, o vestido, a decisão no trabalho, o presente de não-aniversário, o chega-pra-lá no dono da rua, a atitude com a filha. Só por curiosidade, perguntou que bicho havia mordido você. E você, se ajeitando no travesseiro e já desligando o abajur, disse: Nenhum.

No dia seguinte, vendo que eram dez da manhã e você ainda não havia se levantado, sua filha entrou no quarto, vocês conversaram e no final ela perguntou como é que vocês viveriam dali para frente. Com certa ironia, ela arriscou dizer que com as bolsas e os badulaques que você produzia e vendia nos finais de semana é que não seria. E você disse: Sim.

À tarde, você procurou o dono daquele galpão que você havia visto para alugar, perfeito para uma oficina, e fez uma oferta. O homem coçou a cabeça, pediu um pouquinho mais, e você disse: Fechado.

À noitinha, você foi até a casa dos seus avós, assim, de surpresa. E, de surpresa, você os beijou. E quando eles perguntaram o que era aquilo, você disse: Amor.

Faz de conta que foi assim. Faz de conta que foi desse jeito que você virou a mesa. Que resolveu não perder mais tempo, fazer o que gosta e ser do jeito que você, só você, acha que fica mais bonita.

Faz de conta que você morreu. E que alguém lhe deu a oportunidade de voltar para um terceiro tempo.

Então. Agora vai lá e faz tudo de verdade.

--
Danielle Cosme

segunda-feira, 29 de junho de 2009

domingo, 5 de abril de 2009

Unhas Decoradas...



SE O AMANHÃ NÃO VIER...

Se eu soubesse que essa seria a última vez que eu veria você dormir, eu
aconchegaria você mais apertado, e rogaria ao senhor que protegesse você.
Se eu soubesse que essa seria a última vez que veria você sair pela porta,
eu abraçaria, beijaria você, e chamaria de volta, para abraçar e beijar uma
vez mais.
Se eu soubesse que essa seria a última vez que ouviria sua voz em oração, eu
filmaria cada gesto, cada palavra sua, para que eu pudesse ver e ouvir de
novo, dia após dia.
Se eu soubesse que essa seria a última vez, eu gastaria um minuto extra ou
dois, para parar e dizer: EU TE AMO...ao invés de assumir que você já sabe
disso.
Se eu soubesse que essa seria a última vez, eu estaria ao seu lado,
partilhando do seu dia, ao invés de pensar: "Bem, tenho certeza que outras
oportunidades virão, então eu posso deixar passar esse dia."
É claro que haverá um amanhã para se fazer uma revisão, e nós teríamos uma
segunda chance para fazer as coisas de maneira correta.
É claro que haverá outro dia para dizermos um para o outro: 'EU TE AMO', e
certamente haverá uma nova chance de dizermos um para o outro: "Posso te
ajudar em alguma coisa?"
Mas no caso de eu estar errado, e hoje ser o último dia que temos, eu
gostaria de dizer

O QUANTO EU AMO VOCÊ,

E espero que nunca esqueçamos disso.
O dia de amanhã não esta prometido para ninguém, jovem ou velho, e hoje pode
ser sua última chance de segurar bem apertado, a mão da pessoa que você ama.
Se você está esperando pelo amanhã, porque não fazer hoje?
Porque se o amanhã não vier, você com certeza se arrependerá pelo resto de
sua vida, de não ter gasto aquele tempo extra num sorriso, num abraço, num
beijo, porque você estava "muito ocupado" para dar para aquela pessoa,
aquilo que acabou sendo o último desejo que ela queria.
Então, abrace seu amado, a sua amada HOJE, bem apertado, sussurre nos seus
ouvidos, dizendo o quanto o ama e o quanto o quer junto de você.
Gaste um tempo para dizer:
'Me desculpe'
'Por favor'
'Me perdoe'
'Obrigado'

ou ainda:
'Não foi nada'
'Está tudo bem'.

Porque, se o amanhã jamais chegar, você não terá que se arrepender pelo dia
de hoje.
Pois o passado não volta, e o futuro talvez não chegue.